O secretário de Estado da Saúde para Área Hospitalar, Leonardo Inocêncio, admitiu esta sexta-feira que o país precisa de pelo menos 300.000 dadores voluntários por ano para acudirem à carência diária de sangue nos hospitais, face ao défice actual. Por sua vez, a administração do Instituto Nacional de Sangue (INS) de Angola afirma que a instituição tem cadastrados apenas 1.000 dadores voluntários e que 90% dos dadores que “apoiam os seus serviços são familiares dos pacientes”.
Segundo o governante, que falava aos jornalistas, em Luanda, no final do acto oficial alusivo ao Dia Mundial do Dador de Sangue, que hoje se assinala, o país continua abaixo das suas necessidades de sangue a nível das hemoterapias, mas disse que existe “empenho para se inverter a situação”.
“O nosso país deve ter no mínimo 300.000 dadores voluntários e ainda estamos abaixo dessa meta, mas é um esforço muito grande a ser feito, o empenho do Ministério da Saúde existe no sentido de que as coisas andem no sentido de termos sangue e um sangue seguro”, disse.
Leonardo Inocêncio lamentou igualmente a “incipiente cultura” de doação de sangue no país, sobretudo dos jovens, apelando à mobilização da sociedade.
O governante disse ainda que as acções com vista a mobilizar a sociedade para a mobilização voluntária do sangue contam com o apoio financeiro, obviamente e como não poderia deixar de ser, de João Lourenço.
E com isso, assinalou, “acabarmos com as doações coercivas, que são aquelas que acontecem à porta das instituições quando temos um familiar doente e temos de forçosamente também doar sangue, o que não é ideal”.
“Queremos que cada um dos dadores mobilize mais três dadores para que possamos suprir as necessidades das nossas hemoterapias” alertou.
“Sangue Saudável para Todos, Faça a sua Parte Dê Sangue” foi o lema das celebrações do Dia Mundial do Dador de Sangue, cujo ato central decorreu, nem de propósito, no Memorial António Agostinho Neto, em Luanda.
Na ocasião, o representante da Organização Mundial da Saúde (OMS) em Angola, Hernando Agudelo, exortou os governos a trabalharem juntos na “alocação de recursos adequados com vista a implementação de sistemas e infra-estruturas” que permitam aumentar a colheita de sangue.
Para o representante da OMS, é preciso criar “condições estruturais que assegurem a promoção e motivação de doação de sangue para que Angola tenha suplemento de sangue adequado”.
“Em nome da OMS, gostaria de reiterar o nosso compromisso em apoiar o governo e seus parceiros para o desenvolvimento e coordenação do serviço nacional de colheita e transfusão de sangue de forma a garantir à população ao acesso seguro ao sangue”, afirmou.
Durante a cerimónia, o Instituto Nacional de Sangue de Angola homenageou todos os dadores voluntários, particulares e colectivos, com medalhas e diplomas de mérito.
Entretanto, a administração do INS anunciou que a instituição tem cadastrados apenas 1.000 dadores voluntários e que 90% dos dadores que “apoiam os seus serviços são familiares dos pacientes”.
A informação foi transmitida pela directora-geral adjunta do INS, Eunice Manico, argumentando que o país, que precisa anualmente de 300.000 dadores voluntários, “continua com um stock abaixo daquilo de que necessita”.
“Se a OMS – Organização Mundial da Saúde – recomenda que para termos segurança transfusional 1% da população deve dar sangue e nós nesse momento temos apenas 1.000 dadores, o que significa dizer que 30.000 pessoas doam sangue por ano, estamos muito aquém daquelas que são as nossas necessidades”, disse.
Segundo a directora-geral adjunta do INS, a situação é preocupante, de tal forma que as acções de mobilização contam com o apoio do Presidente angolano, João Lourenço que “alocou alguma verba ao Ministério no sentido de garantir o regular funcionamento das hemoterapias a nível do país”.
Há um ano, o INS procedeu à apresentação da música “Vida é Sangue”, como o hino oficial da Campanha Nacional de Incentivo à Dádiva de Sangue Altruísta e Regular no país.
A música, uma composição dos cantores angolanos Filipe Zau e Filipe Mukenga, foi apresentada em Luanda durante o acto central do Dia Mundial do Dador de Sangue de 2018, e segundo o INS “visa sensibilizar a nação angolana a doar sangue ante a escassez de dadores voluntários que o país regista”.
“Sangue é vida, vida é sangue, é salvar, sorrir e festejar. Sê altruísta. Um dia, de sangue podes vir a precisar. Sê amigo solidário, ao seres um dador não é pois nenhum favor, mas sim um ato de amor. Doa sangue, doa vida”, são os versos da música.
A par de Filipe Zau e Filipe Mukenga, os músicos angolanos Gary Sinedima, Anabela Aya, Toty Samed e Catiliana também participaram neste hino.
Em declarações aos jornalistas, a cantora Catiliana manifestou-se “radiante” por fazer parte da Campanha Nacional de Incentivo à Dádiva de Sangue Altruísta e Regular, afirmando ter abraçado a causa “com muito apreço”.
“Nunca estive envolvida numa causa dessas, principalmente no que se refere à doação de sangue e logo que recebi o convite de Filipe Mukenga abracei o projecto com muito gosto. Dei a minha voz, é o meu modesto contributo para esta campanha que deve envolver todos”, apontou.
Doar sangue, acrescentou, “é importante, é fulcral e deve ser uma acção solidária feita diariamente”.
“Faça a diferença na vida de alguém. Dê sangue e partilhe a vida” foi lema das celebrações do Dia Mundial do Dador de Sangue, cujo acto central em 2018 decorreu no Cine Atlântico, em Luanda.
Folha 8 com Lusa